Penhora bate R$ 58 milhões, retém dinheiro de fornecedora, e Fla age
Clube sofre novo abalo, desta vez com esperada verba da Adidas, consegue contornar parte do problema, mas dificuldade financeira assusta
As penhoras assustam o Flamengo mais uma vez e causaram a retenção de, pelo menos, R$ 3,8 milhões da primeira parcela do dinheiro da Adidas, depositado no início do mês. A diretoria teve que agir, pagou R$ 8 milhões em impostos atrasados e conseguiu a liberação de parte da verba, cujo valor deve ser divulgado em breve de forma oficial pelo clube. Mas o novo baque deixou a diretoria e o vice de finanças Rodrigo Tostes em alerta para futuros depósitos. Tostes ainda estuda o terreno para se pronunciar sobre a abalada saúde financeira do Rubro-Negro, onde está há 15 dias. Tempo suficiente para, ao menos, constatar a asfixia de dinheiro. Até o momento, calcula-se que o total de penhoras já bateu a casa dos R$ 58 milhões.
A Adidas chegou a ser notificada sobre a ação de penhora. O clube começou a ter o dinheiro retido no segundo semestre do ano passado. Os débitos correspondem ao nãopagamento de impostos de 2007-08-09, e também pendências de pagamentos relacionados ao ano de 2004, além de outras derrotas sofridas na Justiça. O problema gerou atraso no pagamento de salários. No fim de 2012, de um pedido de R$ 27 milhões de adiantamento, entraram no cofre R$ 17 milhões, sendo que o restante ficou retido pela Justiça.
- Ainda temos um longo caminho a percorrer para se chegar a um ponto que possamos dizer que estamos em dia com as pendências da Fazenda nacional. Já começamos. Já tivemos reuniões na Procuradoria da Fazenda, nosso trabalho tem sido muito em cima disso. Meu discurso de posse serviu bastante para abrir caminho para as pessoas entenderem que a postura do Flamengo agora é outra, que é um clube que vai ter postura cidadã. Não vamos atrasar compromissos, não vamos fazer loucuras antes de cumprirmos os compromissos com jogadores, funcionários, fornecedores e com o Governo. É muito fácil você - e isso é uma prática corrente não só no Flamengo, mas em outros clubes e empresas - se financiar através da sonegação e da apropriação indébita. Isso não vamos fazer em momento nenhum – afirmou o presidente Eduardo Bandeira de Mello, em recente entrevista ao GLOBOESPORTE.COM.
Em nota oficial no site do Flamengo, o clube alega que o valor quitado de R$ 8 milhões se refere aos impostos atrasados do Refis e da Timemania, provenientes de um reparcelamento de dívidas que não foram cumpridos pela diretoria anterior no ano passado. A nova gestão aponta esse fato, somado ao não pagamento de três anos do Imposto de Renda dos funcionários, como parte contribuinte para as recentes penhoras.
- O pagamento dos R$ 8 milhões evita novas penhoras e demonstra que não estamos aqui brincando de administrar o clube. O Flamengo voltará a ser respeitado. Em 15 dias, fomos capazes de executar nossa proposta de gestão e estamos pagando os impostos em dia - declarou o vice-presidente de Finanças, Rodrigo Tostes, ao site oficial.
Pelo contrato firmado com a Adidas, logo após a assinatura, o Rubro-Negro receberia R$ 6,5 milhões, sendo que R$ 3,4 milhões destinados para pagar a rescisão com a Olympikus. Haveria também o pagamento de "taxa de início de parceria", no valor de R$ 38 milhões (R$ 13 milhões até 30 dias após a assinatura do contrato - que ocorreu em 20 de janeiro - e R$ 25 milhões até 15 de fevereiro).
A nova gestão do Flamengo terá em mãos dentro de 90 dias o resultado da auditoria contratada para desvendar o caos financeiro do clube. A empresa Ernst & Young será a responsável por traçar um diagnóstico da real condição dos cofres rubro-negros. Mas uma coisa é conhecida: a penhora assusta.
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