Artilheiro paciente, Hernane curte bom momento no Flamengo; conheça a carreira do jogador
Dono da melhor campanha do Campeonato Carioca, invicto, vencedor de dois clássicos… O Flamengo versão 2013 surpreende até o mais otimista dos rubro-negros. E uma grande parcela de mérito neste bom momento pertence ao centroavante Hernane. Reserva em 2012, o jogador aproveitou as saídas de jogadores mais experientes para se firmar como camisa 9 do clube neste início de ano. Foram oito gols em sete jogos, e uma rápida resposta para quem achava que o Fla ficaria órfão de Vagner Love e Liédson.
Autor do único gol da vitória por 1 a 0 sobre o Botafogo no último domingo, Hernane curte a boa fase e o momento inédito de exposição aos olhos da mídia. Aos 26 anos, o “brocador”, como ficou conhecido pela torcida, acumula no currículo uma passagem sem sucesso pelo São Paulo, além de atuações em diversos times pequenos. Poucas horas antes do anúncio da renovação do contrato com o Flamengo por três anos, o ESPN.com.br conversou com o atacante, que contou um pouco da sua trajetória obscura até então e revelou o seu maior segredo para o sucesso: a paciência.
Conte um pouco da sua trajetória profissional, em particular o começo no São Paulo.
“Eu comecei no AD Guarulhos, e joguei o Campeonato Paulista de Juniores lá no meu último ano como júnior. Na sequência eu fui para o Atibaia, joguei seis meses pelo profissional, e fui para o São Paulo. Eu cheguei ao São Paulo em dezembro de 2007, e no início de 2008 eu até cheguei a treinar no profissional. Mas o São Paulo tinha muitos jogadores, eu sabia que ia ser difícil. Fiquei quase quatro anos lá, mas não tive oportunidade”.
Você chegou a jogar algum jogo oficial no São Paulo?
“Não, não cheguei a fazer nenhum jogo como profissional no São Paulo. Só fui relacionado para um jogo do Campeonato Paulista, e fui cortado no vestiário”.
Nestes quatro anos, você esteve emprestado para diversos clubes menores. Conte um pouco sobre o começo destes empréstimos em sequência.
“Sim, no tempo que eu estive no São Paulo eu estive mais emprestado do que no próprio São Paulo. Fui emprestado primeiro para o São José de Rio Preto em 2008, onde eu disputaria o meu primeiro Campeonato Paulista. Mas lá eu não consegui jogar. O treinador até pediu a minha contratação, mas chegando lá eu ficava no banco, não entrava, era relacionado e cortado… Mas eu sempre trabalhei. Sabia que se não fosse ali seria em outro lugar. Eu retornei para o São Paulo, e tive mais um empréstimo para os Emirados Árabes, mas lá eu não dei certo também e retornei de novo”.
E daí o que aconteceu?
“Em 2009 eu fui para o Toledo, do Paraná, com quem o São Paulo tinha feito uma parceria, para disputar o Paranaense. Lá tinha cinco atacantes, e eu era a quinta opção. Mas desde que eu comecei a jogar o time não perdeu mais, e eu fui o vice-artilheiro, com seis gols. O artilheiro tinha sete, sendo que ele tinha feito quatro de pênalti. Em 2010 eu voltei e fui para o Paulista de Jundiaí. Ganhei a Copa Paulista lá e fui artilheiro do time. Foi daí que eu decidi, em 2011, depois do Campeonato Paulista pelo Paulista de Jundiaí, rescindir o meu contrato com o São Paulo. Eles queriam até renovar, mas eu achei melhor dar sequência na minha vida, porque eu sabia que eu tinha mais para dar. Se não fosse no São Paulo, seria em outro lugar. Rescindimos amigavelmente”.
O próximo passo foi o Paraná, e então o Mogi Mirim, certo?
“Sim. Fui para o Paraná, mas cheguei na 19ª rodada do Brasileiro. Não tive sequência lá. Eu não tinha feito pré-temporada, tinha ficado parado um tempo, estava mal fisicamente, então não fui muito bem. Em 2012 eu fui para o Mogi, fiz uma pré-temporada boa, comecei do zero, e fiz um bom Campeonato Paulista. Fui-vice artilheiro [16 gols], fiquei atrás só do Neymar”.
Fale um pouco sobre a ida para o Flamengo e o primeiro ano no clube.
“Depois do Mogi eu tinha outras opções, outros clubes. Mas eu optei pelo Flamengo, que é um time querido, com uma torcida maravilhosa, e pelo momento que o clube estava passando também. Conversei bastante com o meu empresário, e ele falou: ‘ou você vai lá e você vai muito mal ou vai muito bem’. Cheguei em um ano não muito bom. Era um momento meio conturbado, com a saída do Ronaldinho… E tinha grandes jogadores como o Deivid e o Love, então foi difícil. Não fui bem, mas também não fui muito mal. Nos jogos que eu joguei eu tive um desempenho razoável, consegui fazer gols”.
Você sempre demonstrou um carinho muito grande pelo Flamengo e pela torcida… esta relação vem do berço?
“A maioria da minha família é flamenguista. Quando você é pequeno você admira todo mundo falando do Zico, do Júnior… Esses jogadores eram muito queridos pela torcida. Então existe essa admiração muito grande pelo clube. A minha família conversava bastante comigo, perguntava se eu pensava em jogar no Flamengo ou no Corinthians, jogar na seleção… Acho que todo jogador quando é mais novo tem o sonho de jogar em um grande clube, e na seleção não seria diferente. E por essa admiração pelos ídolos, eu penso também em ser ídolo, sem dúvida. O sonho da família está sendo realizado hoje. Eles queriam um jogador da família em um time grande, e graças a Deus fui eu esse jogador”.
Você falou de Zico e Júnior… Há algum ídolo centroavante?
“Centroavante que eu admiro é o Ronaldo. Pelas lesões que ele teve, muitas pessoas diziam que ele não ia dar em nada. E ele acabou sendo o maior artilheiro das Copas e dando um título para a seleção. Então é um jogador que eu admiro muito, me inspiro muito, e sem dúvida é um ídolo de muita gente no Brasil. Desde mais novo eu assistia. Cheguei a ver o Romário jogar também, mas ele jogava mais dentro da área, era um definidor. Já do Ronaldo eu vi muitos gols que ele pegava a bola no meio, arrastava o time, driblava o goleiro e fazia o gol”.
Voltando para o Flamengo: como foi a espera por uma oportunidade no time depois de um primeiro ano sem tanto brilho?
“Eu sempre acreditei. Eu sabia que em 2013 eu podia fazer um bom campeonato e mostrar o meu trabalho, que é o que está acontecendo agora. Comecei uma nova pré-temporada e quero dar sequência no meu trabalho. Eu sabia que vestir a camisa do Flamengo não era fácil. Por isso eu esperei a minha oportunidade e graças a Deus ela apareceu. E por trás de mim tinham pessoas que falavam todo dia para eu acreditar. Minha mãe, meu empresário, diziam: ‘Acredite que alguma hora as coisas vão acontecer. Não pare de treinar, treine forte que um dia as coisas vão acontecer’. Então eu procuro pegar essas coisas. Essas pessoas que estavam ali por trás falando para eu ficar são pessoas que querem o meu bem. Eu pensei: ‘Se eu esperei quatro anos no São Paulo, por que eu não posso esperar mais três, quatro meses no Flamengo?’. E graças a Deus deu tudo certo”.
Em determinado momento, você chegou a quase ser incluído em uma negociação com o Avaí, mas você recusou, certo? Fale um pouco sobre isso.
“Eu conversei com algumas pessoas e pensei um pouco em mim naquele momento. Eu sabia que eu poderia não ir muito bem, até pelo momento que o Avaí estava passando. No começo eles até brigaram para subir na Série B, mas depois acabaram ficando no meio da tabela. Eu pensei: ‘Se eu for pra lá e não for muito bem eu vou voltar ao Flamengo por baixo’. Então eu achei melhor ficar e esperar a oportunidade. Eu sabia que eu ainda tinha muito para dar, para mostrar para o Flamengo”.
Qual foi a sua reação quando avisaram a você que o Vagner Love estava saindo do Flamengo, e consequentemente você se tornaria o novo camisa 9?
“Essa notícia do Love foi coisa de um dia para o outro. Do nada chegou a notícia de que o Love estava saindo do Flamengo. Eu fiquei com a expectativa de ser o camisa 9. Não vou dizer que eu fiquei feliz com a saída do Love, porque é uma situação chata. É um jogador que eu admirava muito, que resolvia quando precisava. Mas com a saída dele eu sabia que eu teria uma oportunidade. A reponsabilidade também aumenta. Mas está sendo uma experiência muito boa para mim, de ser titular do Flamengo, ser o camisa 9”.
Nota-se que a paciência, aliás, foi uma tônica da sua carreira, não? Você jogou pouco no Atibaia, São Paulo, Rio Preto, Emirados Árabes, Paraná… E no Toledo, pelo que você falou, você teve que superar muitas dificuldades também. Fale um pouco sobre isso.
“Sim, eu só comecei a ter uma sequência no Toledo em 2009 e não parei mais. Eu joguei seis jogos e fiz sete gols no Toledo. Foi uma marca muito boa. Mas foi como eu falei, tinha cinco atacantes e eu era a quinta opção. Aí um machucou, outro foi embora, outro estava para acertar com outro time, outro estava expulso… e eu tive uma oportunidade. Mas em todos os clubes eu sempre trabalhei forte sabendo que a oportunidade pode ser única. E quando ela aparece eu tenho que estar pronto. Nos lugares pelos quais eu passei eu nunca deixei de treinar, nunca relaxei. Isso é o que eu levo para o resto da minha carreira”.
Hoje você é muito reconhecido pela torcida do Flamengo. Fale um pouco sobre isso.
“Eu acho que eu cheguei um pouco desacreditado pela torcida. O Flamengo tinha o Love, tinha o Deivid, que não estava passando por um momento muito bom, mas ainda assim é um excelente jogador. Hoje eu já sou mais reconhecido. Acho que a torcida pensava: ‘Ah, ele fez gol no Paulista, no Flamengo é totalmente diferente’. Mas eu procurei não carregar esse peso. Pensei no lado bom: ‘Se eu fizer gols aqui vou ser ídolo da torcida’. Hoje eu fico muito feliz por estar fazendo gols. O reconhecimento tem sido muito importante para mim também, isso ajuda muito. Com a cabeça boa o jogador consegue trabalhar bem”.
Um exemplo deste reconhecimento é a popularização deste apelido de ‘brocador’, que você mesmo sugeriu e a torcida adotou. Como surgiu este nome?
“Este apelido de ‘brocador’ veio em 2009, quando eu jogava o Campeonato Paranaense no Toledo com um amigo, um goleiro que era da Bahia também. Ele começou com essa história de ‘brocador’, e eu não sabia o que era isso. Aí ele me explicou: ‘você faz muitos gols, você é brocador’ (risos). De lá para cá ficou essa brincadeira sadia que está dando certo. É uma brincadeira baiana. Tem esses outros apelidos aí, como “Hernunes”, sobre o Nunes, que eu não cheguei a conhecer. Tem o “Chicharito Hernane” também… São brincadeira sadias, que estão dando certo”.
Para finalizar: o que você acha do momento atual do Flamengo e do futuro do time? Há espaço ainda para contratações, como a de um outro centroavante para disputar uma vaga com você?
“O Flamengo tem excelentes jogadores, teve boas contratações. O time está em uma crescente boa, mas eu creio que precisa contratar sim, porque o Flamengo disputa muitas competições. E quem chegar vai chegar para somar, vai ter que brigar por vagas também. No Flamengo não tem titular. O Dorival fala todo dia isso, que quem estiver melhor vai jogar. Então eu vou fazer o meu trabalho, e eu sei que se eu tiver que jogar eu vou jogar, e se eu tiver que ficar no banco eu vou ficar no banco sem problema nenhum”.
Fonte: ESPN Brasil
Por:Luan Soares
Autor do único gol da vitória por 1 a 0 sobre o Botafogo no último domingo, Hernane curte a boa fase e o momento inédito de exposição aos olhos da mídia. Aos 26 anos, o “brocador”, como ficou conhecido pela torcida, acumula no currículo uma passagem sem sucesso pelo São Paulo, além de atuações em diversos times pequenos. Poucas horas antes do anúncio da renovação do contrato com o Flamengo por três anos, o ESPN.com.br conversou com o atacante, que contou um pouco da sua trajetória obscura até então e revelou o seu maior segredo para o sucesso: a paciência.
Conte um pouco da sua trajetória profissional, em particular o começo no São Paulo.
“Eu comecei no AD Guarulhos, e joguei o Campeonato Paulista de Juniores lá no meu último ano como júnior. Na sequência eu fui para o Atibaia, joguei seis meses pelo profissional, e fui para o São Paulo. Eu cheguei ao São Paulo em dezembro de 2007, e no início de 2008 eu até cheguei a treinar no profissional. Mas o São Paulo tinha muitos jogadores, eu sabia que ia ser difícil. Fiquei quase quatro anos lá, mas não tive oportunidade”.
Você chegou a jogar algum jogo oficial no São Paulo?
“Não, não cheguei a fazer nenhum jogo como profissional no São Paulo. Só fui relacionado para um jogo do Campeonato Paulista, e fui cortado no vestiário”.
Nestes quatro anos, você esteve emprestado para diversos clubes menores. Conte um pouco sobre o começo destes empréstimos em sequência.
“Sim, no tempo que eu estive no São Paulo eu estive mais emprestado do que no próprio São Paulo. Fui emprestado primeiro para o São José de Rio Preto em 2008, onde eu disputaria o meu primeiro Campeonato Paulista. Mas lá eu não consegui jogar. O treinador até pediu a minha contratação, mas chegando lá eu ficava no banco, não entrava, era relacionado e cortado… Mas eu sempre trabalhei. Sabia que se não fosse ali seria em outro lugar. Eu retornei para o São Paulo, e tive mais um empréstimo para os Emirados Árabes, mas lá eu não dei certo também e retornei de novo”.
E daí o que aconteceu?
“Em 2009 eu fui para o Toledo, do Paraná, com quem o São Paulo tinha feito uma parceria, para disputar o Paranaense. Lá tinha cinco atacantes, e eu era a quinta opção. Mas desde que eu comecei a jogar o time não perdeu mais, e eu fui o vice-artilheiro, com seis gols. O artilheiro tinha sete, sendo que ele tinha feito quatro de pênalti. Em 2010 eu voltei e fui para o Paulista de Jundiaí. Ganhei a Copa Paulista lá e fui artilheiro do time. Foi daí que eu decidi, em 2011, depois do Campeonato Paulista pelo Paulista de Jundiaí, rescindir o meu contrato com o São Paulo. Eles queriam até renovar, mas eu achei melhor dar sequência na minha vida, porque eu sabia que eu tinha mais para dar. Se não fosse no São Paulo, seria em outro lugar. Rescindimos amigavelmente”.
O próximo passo foi o Paraná, e então o Mogi Mirim, certo?
“Sim. Fui para o Paraná, mas cheguei na 19ª rodada do Brasileiro. Não tive sequência lá. Eu não tinha feito pré-temporada, tinha ficado parado um tempo, estava mal fisicamente, então não fui muito bem. Em 2012 eu fui para o Mogi, fiz uma pré-temporada boa, comecei do zero, e fiz um bom Campeonato Paulista. Fui-vice artilheiro [16 gols], fiquei atrás só do Neymar”.
Fale um pouco sobre a ida para o Flamengo e o primeiro ano no clube.
“Depois do Mogi eu tinha outras opções, outros clubes. Mas eu optei pelo Flamengo, que é um time querido, com uma torcida maravilhosa, e pelo momento que o clube estava passando também. Conversei bastante com o meu empresário, e ele falou: ‘ou você vai lá e você vai muito mal ou vai muito bem’. Cheguei em um ano não muito bom. Era um momento meio conturbado, com a saída do Ronaldinho… E tinha grandes jogadores como o Deivid e o Love, então foi difícil. Não fui bem, mas também não fui muito mal. Nos jogos que eu joguei eu tive um desempenho razoável, consegui fazer gols”.
Você sempre demonstrou um carinho muito grande pelo Flamengo e pela torcida… esta relação vem do berço?
“A maioria da minha família é flamenguista. Quando você é pequeno você admira todo mundo falando do Zico, do Júnior… Esses jogadores eram muito queridos pela torcida. Então existe essa admiração muito grande pelo clube. A minha família conversava bastante comigo, perguntava se eu pensava em jogar no Flamengo ou no Corinthians, jogar na seleção… Acho que todo jogador quando é mais novo tem o sonho de jogar em um grande clube, e na seleção não seria diferente. E por essa admiração pelos ídolos, eu penso também em ser ídolo, sem dúvida. O sonho da família está sendo realizado hoje. Eles queriam um jogador da família em um time grande, e graças a Deus fui eu esse jogador”.
Você falou de Zico e Júnior… Há algum ídolo centroavante?
“Centroavante que eu admiro é o Ronaldo. Pelas lesões que ele teve, muitas pessoas diziam que ele não ia dar em nada. E ele acabou sendo o maior artilheiro das Copas e dando um título para a seleção. Então é um jogador que eu admiro muito, me inspiro muito, e sem dúvida é um ídolo de muita gente no Brasil. Desde mais novo eu assistia. Cheguei a ver o Romário jogar também, mas ele jogava mais dentro da área, era um definidor. Já do Ronaldo eu vi muitos gols que ele pegava a bola no meio, arrastava o time, driblava o goleiro e fazia o gol”.
Voltando para o Flamengo: como foi a espera por uma oportunidade no time depois de um primeiro ano sem tanto brilho?
“Eu sempre acreditei. Eu sabia que em 2013 eu podia fazer um bom campeonato e mostrar o meu trabalho, que é o que está acontecendo agora. Comecei uma nova pré-temporada e quero dar sequência no meu trabalho. Eu sabia que vestir a camisa do Flamengo não era fácil. Por isso eu esperei a minha oportunidade e graças a Deus ela apareceu. E por trás de mim tinham pessoas que falavam todo dia para eu acreditar. Minha mãe, meu empresário, diziam: ‘Acredite que alguma hora as coisas vão acontecer. Não pare de treinar, treine forte que um dia as coisas vão acontecer’. Então eu procuro pegar essas coisas. Essas pessoas que estavam ali por trás falando para eu ficar são pessoas que querem o meu bem. Eu pensei: ‘Se eu esperei quatro anos no São Paulo, por que eu não posso esperar mais três, quatro meses no Flamengo?’. E graças a Deus deu tudo certo”.
Em determinado momento, você chegou a quase ser incluído em uma negociação com o Avaí, mas você recusou, certo? Fale um pouco sobre isso.
“Eu conversei com algumas pessoas e pensei um pouco em mim naquele momento. Eu sabia que eu poderia não ir muito bem, até pelo momento que o Avaí estava passando. No começo eles até brigaram para subir na Série B, mas depois acabaram ficando no meio da tabela. Eu pensei: ‘Se eu for pra lá e não for muito bem eu vou voltar ao Flamengo por baixo’. Então eu achei melhor ficar e esperar a oportunidade. Eu sabia que eu ainda tinha muito para dar, para mostrar para o Flamengo”.
Qual foi a sua reação quando avisaram a você que o Vagner Love estava saindo do Flamengo, e consequentemente você se tornaria o novo camisa 9?
“Essa notícia do Love foi coisa de um dia para o outro. Do nada chegou a notícia de que o Love estava saindo do Flamengo. Eu fiquei com a expectativa de ser o camisa 9. Não vou dizer que eu fiquei feliz com a saída do Love, porque é uma situação chata. É um jogador que eu admirava muito, que resolvia quando precisava. Mas com a saída dele eu sabia que eu teria uma oportunidade. A reponsabilidade também aumenta. Mas está sendo uma experiência muito boa para mim, de ser titular do Flamengo, ser o camisa 9”.
Nota-se que a paciência, aliás, foi uma tônica da sua carreira, não? Você jogou pouco no Atibaia, São Paulo, Rio Preto, Emirados Árabes, Paraná… E no Toledo, pelo que você falou, você teve que superar muitas dificuldades também. Fale um pouco sobre isso.
“Sim, eu só comecei a ter uma sequência no Toledo em 2009 e não parei mais. Eu joguei seis jogos e fiz sete gols no Toledo. Foi uma marca muito boa. Mas foi como eu falei, tinha cinco atacantes e eu era a quinta opção. Aí um machucou, outro foi embora, outro estava para acertar com outro time, outro estava expulso… e eu tive uma oportunidade. Mas em todos os clubes eu sempre trabalhei forte sabendo que a oportunidade pode ser única. E quando ela aparece eu tenho que estar pronto. Nos lugares pelos quais eu passei eu nunca deixei de treinar, nunca relaxei. Isso é o que eu levo para o resto da minha carreira”.
Hoje você é muito reconhecido pela torcida do Flamengo. Fale um pouco sobre isso.
“Eu acho que eu cheguei um pouco desacreditado pela torcida. O Flamengo tinha o Love, tinha o Deivid, que não estava passando por um momento muito bom, mas ainda assim é um excelente jogador. Hoje eu já sou mais reconhecido. Acho que a torcida pensava: ‘Ah, ele fez gol no Paulista, no Flamengo é totalmente diferente’. Mas eu procurei não carregar esse peso. Pensei no lado bom: ‘Se eu fizer gols aqui vou ser ídolo da torcida’. Hoje eu fico muito feliz por estar fazendo gols. O reconhecimento tem sido muito importante para mim também, isso ajuda muito. Com a cabeça boa o jogador consegue trabalhar bem”.
Um exemplo deste reconhecimento é a popularização deste apelido de ‘brocador’, que você mesmo sugeriu e a torcida adotou. Como surgiu este nome?
“Este apelido de ‘brocador’ veio em 2009, quando eu jogava o Campeonato Paranaense no Toledo com um amigo, um goleiro que era da Bahia também. Ele começou com essa história de ‘brocador’, e eu não sabia o que era isso. Aí ele me explicou: ‘você faz muitos gols, você é brocador’ (risos). De lá para cá ficou essa brincadeira sadia que está dando certo. É uma brincadeira baiana. Tem esses outros apelidos aí, como “Hernunes”, sobre o Nunes, que eu não cheguei a conhecer. Tem o “Chicharito Hernane” também… São brincadeira sadias, que estão dando certo”.
Para finalizar: o que você acha do momento atual do Flamengo e do futuro do time? Há espaço ainda para contratações, como a de um outro centroavante para disputar uma vaga com você?
“O Flamengo tem excelentes jogadores, teve boas contratações. O time está em uma crescente boa, mas eu creio que precisa contratar sim, porque o Flamengo disputa muitas competições. E quem chegar vai chegar para somar, vai ter que brigar por vagas também. No Flamengo não tem titular. O Dorival fala todo dia isso, que quem estiver melhor vai jogar. Então eu vou fazer o meu trabalho, e eu sei que se eu tiver que jogar eu vou jogar, e se eu tiver que ficar no banco eu vou ficar no banco sem problema nenhum”.
Fonte: ESPN Brasil
Por:Luan Soares
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