Caso receba proposta na janela de julho, Paolo Guerrero deve deixar o Flamengo
O Flamengo precisava de uma contratação de impacto. Dentro e fora de campo. O clube abriu o cofre e no dia 29 de maio de 2015 – lá se vai quase um ano – anunciou o acerto com Paolo Guerrero. Aos 31 anos, o peruano chegava com credencial de ter defendido o Corinthians, o que serviu de pimenta nas sadias gozações entre as duas grandes torcidas rivais. As cifras do contrato até agosto de 2018 envolvem salários milionários, luvas de R$ 16 milhões e uma operação total de pouco mais de R$ 41 milhões até o término do vínculo. A torcida se inflamou com a possibilidade de ver nascer um novo ídolo, cantarolou que “acabou o caô”, alavancou as adesões ao programa de sócio-torcedor. Mais de 50 mil rubro-negros foram à estreia do jogador no Maracanã, onde fez o gol da vitória por 1 a 0 sobre o Grêmio. Mas o que aparecia amor à primeira vista – com gols e boas atuações – não se consolidou numa relação sólida. Guerrero é alvo de questionamentos e já levanta dúvidas internamente em certos tipos de condutas. Nesta segunda-feira, ele se junta à seleção peruana que disputará a Copa América. Caso chegue até a final, será um mês de afastamento. E a pergunta que ecoa: como será o amanhã de Guerrero no Flamengo?
CLIQUE EM CONTINUE LENDO E TERMINE DE LER A MATÉRIA
A janela de transferências internacionais abre em julho. Caso diversas sondagens que aconteceram nos últimos meses virem propostas no papel, Guerrero apontará sua saída do Flamengo. A atual multa rescisória é de cerca de R$ 76 milhões, mas no meio do ano cai para R$ 25 milhões. Para quem acompanha o dia a dia do clube, o clima parece ser de adeus.
Neste domingo, contra o Grêmio, Guerrero disputou seu jogo oficial de número 39. Sem contar amistosos, são 17 vitórias, 13 derrotas e nove empates. E, diante do time do Sul, nova atuação sem brilho, reclamação, cartão amarelo logo aos 8 minutos de partida e uma cabeçada torta.
Na primeira rodada do Brasileirão, Guerrero conseguiu ser o jogador mais faltoso entre todos os times, com sete infrações. Em um ano de clube, já são 15 cartões amarelos, uma expulsão, várias suspensões e um estilo irritadiço e reclamão dentro de campo. Caso retorne ao Flamengo depois da Copa América, ele já entrará em campo pendurado.
O impacto com a contratação de Guerrero teve um valor simbólico inquestionável.
- A chegada de Guerrero é uma grande conquista para o Flamengo. Por onde passou, ele mostrou que é um goleador nato e tenho certeza de que no Flamengo não vai ser diferente – disse o presidente Eduardo Bandeira de Mello, na ocasião do acerto.
As dores antes do Fortaleza e o incômodo
Mas o real valor – a relação custo-benefício, um futebol oscilante, aquele algo mais que a torcida do Flamengo cobra, entre outros fatores – levanta dúvidas. Até mesmo o recente comportamento de Guerrero no dia a dia do Ninho do Urubu causa estranhamento. Como no episódio do jogo com o Fortaleza, semana passada. O atacante viajou para Volta Redonda e, no dia da partida, se queixou de dores musculares. Teve quem torcesse o nariz, teve quem desconfiasse, teve até quem aproveitasse para desabafar nos bastidores de que o peruano estaria “incomodado”, "infeliz" e "sem clima".
O panorama mudou, ainda mais se comparado à atitude do jogador que, meses antes, numa noite jogara em Montevidéu pela seleção peruana e, no dia seguinte, tomando dois voos de carreira, entrava em campo em Brasília para defender o Flamengo - em cinco dias foram três jogos naquela ocasião - dois pelo Flamengo.
Mas Guerrero não jogou pela Copa do Brasil, e a derrota por 2 a 1 fez o time ser eliminado de forma precoce da competição, um vexame histórico.
Um facilitador para cair nas graças da torcida seria se tornar o carrasco dos rivais cariocas. Mas das nove vezes em que enfrentou os três principais regionais, o atacante marcou apenas um gol – na vitória por 2 a 1 sobre o Fluminense, em Brasília, pelo Campeonato Carioca.
Mesmo em baixa, Guerrero é sempre assediado por torcedores em viagens e jogos. Mas no dia a dia do clube está longe de exercer papel de liderança no elenco. Mesmo próximo de jogadores como Arão e Rodinei, o atacante não criou grandes laços com o elenco. Nos últimos tempos, internamente, relatos dão conta de um jogador incomodado. Com a atuação bem abaixo do seu desempenho do Corinthians, com os gols fáceis perdidos e com a cobrança e as vaias. Por sinal, proporcionais ao investimento do clube no seu futebol.
Por contrato, o peruano só é obrigado a conceder uma coletiva por mês - o que, porém, não tem sido exercido pelo Flamengo, já que foram raras as vezes em que o atacante encarou a sabatina dos jornalistas. Aliás, apesar de todo o retorno em imagem que se esperava, recentemente, em contato com o GloboEsporte.com, um intermediário comentou que não havia interesse nem em Guerrero nem em jogador algum do elenco. Não à toa, torcedores símbolos foram a atração no lançamento da camisa oficial, ocorrida antes de a bola rolar para Flamengo 1 x 0 Sport, no último dia 14, quando o time estreou no Campeonato Brasileiro.
No último dia 16, em entrevista no Ninho do Urubu, o atacante comentou o seu momento:
- O que sei é que estou me esforçando para dar certo. Vou tentar fazer gols quando tiver oportunidade. Enquanto isso, vou ajudar os companheiros. Estou me sentindo feliz, este ano muitas coisas melhoraram aqui no Flamengo.
Será?
Fonte: GE
Por: Yago Martins
Twitter: @Yago_Martins23
Post a Comment