Procurador do TJD acha improvável Vasco conseguir anulação da final

O Vasco promete brigar na Justiça para impugnar a decisão do Campeonato Carioca, na qual foi prejudicado com um gol irregular no empate por 1 a 1 com o Flamengo e perdeu o título estadual. Mas as batalhas judiciais têm tudo para não serem nada simples. Informado do plano do clube pelo GloboEsporte.com, o procurador do TJD/RJ, André Valentim adiantou que considera bastante improvável a anulação da final com base no argumento utilizado pelo advogado cruz-maltino Marcello Macedo, de que houve dolo no ato da arbitragem.

Na última segunda-feira, respaldado pela cúpula vascaína, Macedo alegou que o fato de a súmula da partida ter atribuído o gol adversário ao jogador errado (Nixon em vez de Márcio Araújo), mesmo após a confirmação do contrário, é uma tentativa de transformar o erro de direito em erro de fato. Mas Valentim explica que a acusação não é possível sem prova e comparou a atitude atual à intenção da diretoria cruz-maltina de buscar a impugnação da derrota por 5 a 1 para o Atlético-PR no ano passado, que culminou no rebaixamento do Vasco para a Série B do Campeonato Brasileiro, por conta da briga generalizada entre as torcidas no estádio.

- A não ser que haja uma prova concreta do contrário, está claro que foi um erro de fato, um erro grave, mas que é do jogo. Foi um lance rápido. Não pode ser tratado como dolo. Se fosse de direito, como o Vasco diz, com intenção de prejudicar algum clube, seria diferente, sim. Mas parece ser a mesma tentativa de impugnar o jogo do Brasileiro que o presidente do STJD nem recebeu. Não se anula jogo de futebol assim. De quantos você lembra? - questionou, sendo lembrado em seguida da chamada "Máfia do Apito", de 2005, quando o árbitro Edilson Pereira admitiu que recebia dinheiro de apostas. 
O procurador-geral explicou ainda que a súmula divulgada pela Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj), com o autor do gol errado, é feita logo após o jogo com a opinião do árbitro e o documento não pode sofrer alterações - embora isso seja comum na CBF. O jurista alega que se houvesse rasuras no que foi escrito pelo árbitro, aí sim poderia ser aberto um inquérito, mas ainda assim sem o objetivo prático que o Vasco procura.
- O que foi colocado na súmula foi o que a arbitragem viu. Se tivesse rasura, aí mudaria de figura e poderíamos abrir um inquérito para apurar o que aconteceu na situação. Mas não dá razão ao Vasco só por isso. O árbitro poderia ser punido eventualmente. Vou analisar o detalhamento deste processo quando chegar, mas já não concordo. Mudar o autor do gol só serve para a estatística. O documento é feito ainda no estádio, sem o auxílio de câmeras.
Na noite de segunda-feira, o árbitro Marcelo de Lima Henrique enviou uma mensagem ao comentarista Arnaldo Cezar Coelho, durante o programa "Bem, Amigos", do SporTV", avisando que faria a correção no documento oficial. Ele foi criticado pelo ex-juiz, que chamou a manutenção do equívoco na súmula de "desculpa esfarrapada" diante da situação. 
Vale lembrar que na final de 1995 houve caso semelhante. O gol até hoje está creditado a Ailton, mas foi Renato Gaúcho, que, de barriga, deu o título ao Flu sobre o Fla. Mas o atacante não estava impedido, o que não causou discussão e ficou marcado apenas pelo folclore.
Goleiro do Fla deve ser indiciado
Se ainda não estava a par das intenções do Vasco quanto à anulação da final do estadual, Valentim mostrou estar por dentro do assunto com relação à polêmica declaração do goleiro Felipe, do Flamengo, de que ter ganhado o título "roubado é mais gostoso" e entrou no dossiê que o Cruz-Maltino está preparando. O jurista disse que já juntou as afirmações divulgadas na mídia e que ele mesmo vai fazer um ofício, mas não antecipou em que artigo irá enquadrar o jogador e quais seriam as possíveis punições nos próximos dias.
- Já peguei a declaração do Felipe e também do Léo Moura, que não aprova o que o goleiro falou. Eu mesmo vou fazer esse ofício amanhã (terça-feira). Para o jogo, isso não tem efeito, pois ele só expressou a opinião dele. Não prova nada. Ele deve ser punido por isso individualmente.
vasco coletiva roberto dinamite (Foto: Marcelo Sadio / vasco.com.br)
Valentim lembrou que o caminho a ser seguido pelo Vasco deve passar pelo TJD/RJ. Em caso de insucesso, recorrer ao Pleno do TJD/RJ. No caso de nova derrota, se quiser, pode ir ao STJD.
Fonte: Globoesporte.com
Por: Yago Martins

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